Santa Antônia de Maringá
A. A. de Assis

Ganhei dois presentes ao mesmo tempo: um livro muito bonito – “Pétalas da vida”, e a alegria de ver que a autora é uma vizinha nossa muito querida – Dona Cida (Aparecida Capristo de Oliveira), professora aposentada, paulista de Tupã, residente em Maringá há 40 anos. São 427 páginas contendo crônicas, poemas e registros diversos à moda de diário. Gostei muito, especialmente dos vários textos em que Dona Cida fala de uma pessoa extremamente generosa e encantadora – Dona Antônia Lunardelli Ramalho.
Eu já havia até iniciado uma coleta de dados para escrever sobre Dona Antônia, mas agora ficou bem mais fácil. Basta transcrever alguns trechos do livro de Dona Cida e a crônica estará pronta. Aliás, nem será preciso entrar em detalhes, visto que Dona Antônia foi uma personagem superconhecida, vista e havida como uma santa mulher.
Santa sim. Santa Antônia de Maringá. Presente diariamente na Catedral como ministra da Eucaristia. Presente sobretudo no coração dos pobres que todas as noites recebiam o “sopão da Dona Antônia”, além de cobertores, medicamentos, carinho, muito carinho.
Para isso contava com uma equipe de colaboradores e doadores. Mas quando surgia uma dificuldade maior ela pedia ajuda a Santo Antônio, a quem docemente chamava de Toninho. “Dá um jeito aí, Toninho”. E a solução de pronto aparecia.
Dona Cida recorda seus momentos finais: “Despertamos entrando num pesadelo. Nossa querida Antônia estava doente. Hospital, tensões, choro, comoção na paróquia, comoção na arquidiocese, comoção entre os amigos e companheiros de trabalho, comoção geral.
“Teríamos que ser fortes. Sentimos que Deus a queria de volta. No dia 26 de outubro (2017) tivemos que dela nos despedir. Quanto amor distribuído. Era incansável. Não sabia dizer ‘não’. Deixou um legado de bons exemplos, palavras e dignidade. Seus amigos não a esquecerão. Vamos continuar o trabalho. Nós nos uniremos na batalha. Ela vive. Só voltou para o Pai. Deixou um rastro de santa”.
Todos sabemos que um processo de beatificação e canonização demanda longo tempo e complexa documentação. Porém Dona Antônia, bem antes de ser levada para a eterna graça, já se tornara santa no coração de quantos a conheceram. Santa Antônia de Maringá.
Dona Cida resume tudo num belo poema: “Compará-la a que santo? Ela imita todos, porque santa é. Alimentar famintos? Ela faz. Agasalhar no frio? Ela faz. Curar feridas? Ela faz. Rezar pelos doentes? Ela faz. Levar o Corpo de Deus aos acamados? Ela faz. Tirar o pão da própria mesa para servir um pedinte? Ela faz. Inclinar-se diante de injúrias? Ela faz. Perdoar ofensas? Ela faz. Derramar-se em sacrifícios? Ela faz. O que não faz? Faz tudo, porque santa é”.
Santa Antônia de Maringá. Continue aí de cima a ajudar os seus pobrinhos. E mande uma bênção para todos nós. Amamos demais a senhora.

FONTE: Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 24-6-2021