Iniciando o novo Ano Litúrgico (C), a Igreja nos apresenta o Tempo do Advento, que traz em si e quer suscitar em nós uma dupla característica: “um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens e também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”. (IGMR n. 39)

Dentro deste contexto, muitos símbolos nos são oferecidos para colaborar em nosso itinerário espiritual rumo ao encontro com Jesus. Dentre eles, destacamos neste artigo, as “velas do advento”, apresentadas a nós dispostas em uma coroa ou em uma árvore (como optamos em nossa Catedral).

O número quatro na Bíblia, sempre traz a nós a ideia de preparação, de estrada de conversão, de humanidade a caminho. Recorda os quatro pontos cardeais, os quatro elementos (fogo, água, terra e ar), as fases da lua. Aos poucos a História da Salvação incorpora esses elementos cósmicos fazendo-os se encontrar com o tempo salvífico. Assim, as quatro velas passam a nos recordar os quatro domingos do Advento, as quatro fases da História da Salvação. O ato de acender gradativamente as velas vai trazendo a nós a ideia de luz que espanta as trevas e, conforme nos aproximamos de Jesus, mais luz temos em nosso caminho.

Originariamente as velas eram três de cor roxa e uma de cor rosa, as cores dos domingos do Advento: o roxo, para indicar o caminho de conversão e o rosa como sinal de alegria pela proximidade do nascimento de Jesus (usada no 3º Domingo do Advento, chamado de Domingo “Gaudete”, da alegria). Assim ainda utilizamos em nossa Catedral. Entretanto, há em alguns lugares, o costume de se utilizar cores diferentes para cada domingo, como roxa no primeiro, verde no segundo, rosa no terceiro e branco no quatro, mas sempre com a mesma intenção.

Frei Alberto Beckhäuser, em seu livro “Coroa do Advento – história, simbolismo e celebrações” nos traz que existem diferentes tradições sobre os significados das velas. Uma bastante difundida é que a primeira vela é do profeta; a segunda vela é de Belém; a terceira vela é dos pastores; a quarta vela é dos anjos.

Outra tradição vê nas quatro velas as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo. Assim: a primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva; a segunda é a vela da fé dos patriarcas que creram nas promessas; a terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência; a quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.
Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: o tempo da criação; o tempo dos patriarcas; o tempo dos reis; o tempo dos profetas.

Como dissemos, geralmente as velas são dispostas numa coroa, ornamentada com ramos verdes de pinheiros que demoram a secar, trazendo a nós a ideia da perfeição, completude, aliança em Deus e da esperança permanente do homem em sua misericórdia. Em nossa Catedral optamos por dispor as velas numa árvore seca, que, aos poucos (a cada domingo do Advento) vai tomando vida, ficando verde, florida e iluminada, como é o desejo para nossas vidas rumo ao Natal do Senhor.

Seja coroa, seja árvore, o importante é lembrar da importância da preparação para o Natal, de como somos secos e sem vida longe de Deus e como podemos ser fortes e iluminados com sua presença no meio de nós. Que tudo isso nos ajude a celebrar melhor o Advento e assim chegarmos radiantes no Natal do Senhor!