Por que quando alguém boceja ao nosso lado, começamos a sentir uma vontade incontrolável de fazer o mesmo? Ou por que sorrimos ao ver alguém sorrir? O cientista Rizzolatti desvendou este mistério.

Rizzoalatti, através de um experimento com macacos, descobriu que alguns neurônios localizados no lobo frontal, que eram ativados quando o animal fazia alguma atividade especifica, também eram ativados quando observava outro animal fazendo alguma atividade. A descoberta também foi constatada em seres humanos e deu a origem o que eles chamam de neurônio espelho. Estes neurônios, provavelmente, são responsáveis por nossa vontade incontrolável de bocejar ao ver alguém fazer tal gesto. O que acontece é que nosso cérebro reproduz toda ação que vê como se tivesse a fazendo.

Isso nos leva ao outro ponto: A importância dos nossos atos na educação das crianças. Bandura, criador da teoria de aprendizagem social, realizou um experimento com um João-Bobo. Ele dividiu três grupos de crianças, onde, cada grupo foi submetido a um filme diferente. No primeiro, havia um adulto que agredia o João-Bobo e era recompensado. No segundo, era punido quando o fazia e no terceiro ele não sofria nenhuma consequência. O resultado do experimento foi surpreendente. Constatou que o grupo que viu o adulto sendo recompensado, tendia a bater mais no boneco.

Vimos então que nosso cérebro, ao ver uma ação, realiza o mesmo processo cognitivo, como se estivesse fazendo, e que nosso aprendizado é realizado também por observações de comportamentos e consequências sociais. Com todas essas informações, podemos parar de usar a célebre frase: ‘Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. A ideia de emitir um comando verbal incongruente com as contingências ou o meio que a pessoa vive é pouco eficaz, como quando alguém diz a uma criança que não pode gritar com as pessoas gritando com ela. É provável que tal gesto não terá o resultado esperado.

Temos que repensar esses moldes educacionais que não estabelecem exemplos, que trazem discursos vazios de prática. Uma criança precisa não só de palavras e dizeres, ela precisa de gestos, alguém em quem ela possa se espelhar.

 

Jocilmar Bardi Junior
Psicólogo – Pastoral Social